Manifesto lido na abertura do 16º Festival de Dança de Londrina:
O 16° Festival de Dança de Londrina aborda a manipulação
de informações no universo virtual
A deflagração das fake news pelos oportunistas
Os mitos e as verdades
O instável mar das grandes navegações na internet
(com seus piratas e seus capitães).
Na arte, fragmentos de um bailarino e de um boneco confundem-se
num corpo a corpo do autômato com a vida.
Tempo de partidos. De homens partidos. Coisas também.
Pedaços sobre os quais a pérfida imaginação inventa totalidades, totalitarismos.
A pergunta a ser feita:
A quem interessa dissimular, confundir, propagar a mentira
Deslocar fragmentos dos contextos reais?
Este Festival nasce do desejo e da necessidade de sair da bolha
De respirar outros ares, menos virulentos, menos tóxicos
que aqueles da redoma de vidro e plasma
onde voluntariamente nos exilamos.
Pois há – e não são poucos –
os que aspergem nesta atmosfera o ódio,
o preconceito, a segregação, a desumanização
Os que querem sufocar as muitas vozes, tantos corpos.
Eis aí a arte e sua função humanizadora
A nos apontar alternativas, vielas
Passagens para outros mundos
Frestas por onde circulem outros ares.
O Festival fala também da primavera
A brasileira:
Mulheres nos palcos e nas ruas apontando com lucidez
os caminhos, as verdades.
Fala de uma cidade que tem fome de cultura
E que é o seu próprio alimento.
Banqueteemo-nos.
Dançar com um corpo real
No aqui e agora
Contra todos os falsos perfis
Contra todas as máscaras que não escondem
Mas revelam o que há de pior por trás delas
Contra a mistificação da força e da incompetência
Contra os messianismos de ocasião.
Você está presente?
Eu estou. Nós estamos.
Nós somos.
Presente!
Bem-vindos ao Festival de Dança de Londrina
2018
O ano que não terminará.