Um espetáculo musical com formato diferenciado, para ser ouvido com bastante atenção, enfatizando a participação das mulheres na história do samba, como organizadoras, compositoras e intérpretes. É o que promete As Bambas do Samba, que acontece dia 22 de julho no palco do Bar Valentino, em Londrina. O espetáculo é uma produção do projeto Estação Samba, idealizado e coordenado pela pesquisadora e produtora cultural londrinense Juliana Barbosa.
O formato do espetáculo entremeia aos sambas histórias que esclarecem e emocionam pelo protagonismo feminino. O formato redesenha para o contemporâneo os programas de rádio realizados em auditório, que projetaram o samba em todo território nacional, tornando-o símbolo de brasilidade.
Juliana Barbosa comenta que “foi nos terreiros comandados pelas tias baianas que o samba nasceu. Foi na coletividade das rodas, nas parcerias criativas e nas comunidades das escolas de samba, com ativíssima participação feminina, que o samba se criou”. A pesquisadora conclui que não se pode imaginar a história do samba sem o poder organizador, criador, talentoso e inteligente das mulheres que são chamadas “bambas” justamente por essas qualidades. “No espetáculo vamos costurar essas histórias muito sutis e significativas, com sambas que as traduzem”, explica.
O repertório de As bambas do samba terá três blocos. No primeiro, estarão em destaque as compositoras. Nele vão ‘’desfilar” sambas de Dona Ivone Lara, Elza Soares, Leci Brandão e Teresa Cristina. O segundo bloco é para as mulheres que foram inspiração para os sambas, em composições de Noel Rosa, Wilson Batista e Nei Lopes. O terceiro bloco é dedicado às grandes intérpretes, com sambas que se tornaram inesquecíveis nas vozes de Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Alcione e Beth Carvalho.
A concepção, roteiro, texto e apresentação do espetáculo são de Juliana Barbosa, conhecida no meio cultural como “doutora em samba” por ter mestrado, doutorado e pós-doutorado pesquisando o gênero musical como cultura. Ela é autora do livro “Nelson Sargento e as redes criativas do samba”. Por oito anos, entre 2008 e 2016, apresentou o programa “Estação Samba”, na rádio UEL FM.
No espetáculo, a cantora Bethânia Paranzini é a convidada especial como intérprete. Bethânia, que também toca cavaquinho, será acompanhada por instrumentistas londrinenses de destacada versatilidade com instrumentos incorporados ao samba: Samuca Muniz, no violão sete cordas; André Siqueira, na flauta e bandolim; Carlos Pereira, no pandeiro, Sal Vinícius, no surdo e no baixo Gabriel Zara. Os arranjos e direção musical são de André Siqueira, reconhecido instrumentista, estudioso e professor de música da UEL, também pesquisador da música popular brasileira.
No dia 22/07 o espaço de shows do Bar Valentino abre para o público às 19h. Até o início do espetáculo, pontualmente às 20h, haverá uma discotecagem onde a seleção foi feita por Juliana Barbosa, com sambas que falam do universo feminino, como “As Rosas não Falam”, que Cartola fez em homenagem à Dona Zica; “Maria da Penha”, tema da luta contra a violência à mulher; “Senhora da Canção”, de Nei Lopes e Cláudio Jorge, em homenagem à Dona Ivone Lara, entre outras. Depois do espetáculo, a discotecagem especial continua, com sambas que ficaram eternizados nas vozes das grandes intérpretes, como Eliana Pittman, uma das primeiras mulheres a gravar um samba-enredo e Elizeth Cardoso, a “Divina” do samba, entre muitas outras.
Em 2018, Estação Samba realiza outros dois espetáculos no palco do Valentino, também com formato de programa de auditório: Lugares do samba, em 16/09, vai lembrar os botequins, os bairros, os morros e os festejos que são as fontes do samba. Raízes do samba, em 11/11, mostrando como aconteceu o samba: sua matriz afro-originada, sua forma de falar da vida popular e sua ligação com o carnaval e as escolas de samba.