Por Vitor Struck
Foto: Carlos fausto Brito
Desta vez não foi diferente: novamente cantamos com ele. Yamandú conduziu um “coral” de 750 vozes entoando “Carinhoso”, de Pixinguinha, uma marca registrada de suas apresentações. E os londrinenses não decepcionaram, começaram tímidos mas soltaram a voz. Confira:
Novidade, pelo menos para mim nas apresentações aqui em Londrina, foram a cuia e a água quente ao palco, que junto com o pala e as alpargatas, completavam a indumentária. Mas o consumo do mate, até mesmo durante a noite, algo que muita gente evita por medo de perder o sono, tem um motivo que vai além do tradicionalismo: a lida, como dizem no Rio Grande do Sul. Recém-chegado da Tunísia, o virtuoso violonista gaúcho, que dispensa apresentações, não parece, mas também é humano. “40, já não sou mais guri”, lembra.
Entre goles e histórias arrancou muitos sorrisos da plateia. A mais hilária sobre a origem de “Bem-vindo”, uma canção de ninar que fez para Benício, seu filho mais velho, aos prantos por conta de uma cólica. “A paternidade é algo estranho, nunca imaginei que iria torcer para alguém peidar na minha frente”. Ou sobre os comentários de sua avó após ter escutado um de seus discos, que perguntou “as músicas só têm a introdução? As pessoas pagam pra te ver tocando isso?”
Não faltou, também, a homenagem ao mestre Rafael Rabelo em “Samba pro Rafa”. Além de um recorte de sua carreira que exalta a música latino-americana. Uma viagem ao Paraguay resultou na belíssima “Paraguaita”. Já da Colômbia veio a inspiração de “Porro”, o que Yamandú considera como um xote colombiano e misturado. E da Argentina, naturalmente, um tango, “El Choclo”, nada convencional.
Depois do FILO o destino de Yamandú é Tel-Aviv. É hora do povo israelense escutar os dedilhados, puxões e batidas nas cordas, tapas no tampo do violão e assovios que Yamandú mescla com os acordes, solos e sua enorme personalidade. Vida longa!