Por Giovanni Porfírio
Estudantes contrários à reforma do ensino médio ocupam colégio da zona sul de Londrina
Ocupar e resistir. O cartaz afixado em uma das paredes do colégio Estadual Albino Feijó Sanches, zona sul de Londrina, faz referência ao ato organizado pelos alunos da instituição contra a reforma do ensino médio, divulgada pelo governo federal. A mudança prevê, dentre outras medidas, o ensino em tempo integral, bem como a flexibilização da escolha das disciplinas. Os estudantes estão ocupados desde a manhã da última sexta-feira, dia 07. Lalie Brie é diretora da União Paranaense dos Estudantes, que apóia o movimento realizado no colégio. Ela acredita que a proposta “é um descaso com as outras matérias”, e que o estudante “está cansado de entrar num colégio e ser apenas obrigado a passar em vestibular, em provas”. Para Lalie, “o estudante quer cultura. Um ser que não pensa, é um ser alienado”.
Emmyli Caroline é aluna do colégio e defende que escola em tempo integral depende de uma melhor estrutura escolar. “Para você ter um ensino integral bom, você tem que ter estrutura, um planejamento adequado, as matérias suficientes para ser aprovado no ENEM. Por mais que você tenha ensino integral, o ENEM vai continuar o mesmo, o método de entrada para a faculdade vai continuar o mesmo. Então você precisa de uma escola que te proporcione a entrada à essas instituições, e não que te prive delas”, disse.
Gabriel Lutz é defensor público e esteve na escola para conversar com estudantes, orientando-os. O órgão se comprometeu a ajudar os ocupantes caso haja alguma ação contrária à ocupação. “A gente notou que eles estão extremamente organizados, e que existe um grau de segurança. Se o governo entrar com alguma medida para tentar retirar eles, ou acabar com o movimento, sendo o caso, a defensoria vai atuar para que assegure tanto o direito de manifestação como a segurança e a integridade de todos os adolescentes que estão envolvidos”.
Os ocupantes precisam de um freezer para manterem os alimentos doados e que precisam de refrigeração, como embutidos. A distribuição de água foi comprometida, e a quantidade existente não será suficiente para os próximos dias. Por isso, os alunos pedem que sejam doados galões de água mineral. A ocupação de colégios estaduais chegou a 50 unidades em todo o Paraná. Em Londrina, o colégio estadual Albino Feijó Sanchez foi o primeiro da cidade, e a expectativa é de que outras escolas do município também venham a ser ocupadas ainda essa semana.
Foto: Vitor Struck
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