Festa Della Repubblica Italiana

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Festa Della Repubblica Italiana. Confira mais sobre o processo de surgimento da Itália na edição especial do podcast I Bravissimi Cast

I Bravissimi Cast
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Festa Della Repubblica Italiana. 

Antes de iniciar esse podcast, convido a todos a fazerem um exercício de reflexão e darem um salto em direção ao passado. 

O ano é 1945, último ano da segunda guerra mundial. As tropas aliadas terminam de expulsar as últimas forças nazifascistas do território italiano e, de repente, nos encontramos em meio à Piazza del Duomo em Milão. O cenário é de destruição, os edifícios estão irreconhecíveis e há escombros por toda parte. A desordem é total e a população está cansada e faminta. O governo fascista não existe mais. Por toda parte ganham força grupos comunistas e anarquistas radicais e o rei, sempre submisso ao antigo governo ditatorial, é incapaz de trazer unidade e esperança aos italianos. Mas é a partir desse caos que a Itália deverá ser reconstruída. E agora?

Nossa viagem ao passado se revela importantíssima porque é nesse contexto caótico que nasce a República Italiana

Mas para que possamos entender melhor esse contexto, precisamos retroceder ainda mais no tempo e entender como o jovem estado italiano se organizou após sua unificação.

A seguir, o historiador e mestre em didática do Ensino de Italiano à estrangeiros pela Università per Stranieri di Siena, vai nos explicar como foi esse processo de unificação. Willi Ferrari é especialista no ensino italiano on-line e atua como professor de cultura e língua italiana.

Professor Willi Ferrari na Fortezza Medicea, Siena, com vista para o Duomo di Siena
Professor Willi Ferrari na Fortezza Medicea, Siena, com vista para o Duomo di Siena

A monarquia foi o regime de governo adotado na Itália após a unificação em 1861, sendo o seu primeiro rei, Vittorio Emanuele II. Nessa época, a Itália era um país pobre, com uma população essencialmente rural e com um baixo desenvolvimento industrial. As guerras de unificação acentuaram ainda mais essa pobreza da população e esse período ficou marcado pelo êxodo de muitos italianos em direção ao novo mundo, principalmente Argentina, EUA e Brasil.  Mas o novo país, já nos seus primeiros anos de vida precisava se adequar à nova realidade mundial e por isso passa a fazer parte das políticas de alianças entre as nações que darão origem à Primeira Guerra Mundial. A Itália acaba entrando no conflito em 1915 e, apesar de sair vitoriosa, o país estava destruído e não recebe todos os territórios prometidos por seus aliados.

A Grande Guerra acentua a pobreza e o atraso italiano em relação às outras nações europeias e isso faz com que surja na Itália uma nova doutrina política: o Fascismo. Essa nova doutrina que, resumidamente, tem como princípios básicos o forte nacionalismo, o militarismo, o intervencionismo estatal, o forte investimento industrial e o controle da sociedade, ganha força entre a burguesia italiana, sobretudo porque combate outras doutrinas que são temidas pela sociedade ocidental, como por exemplo o comunismo e o anarquismo!

E é inegável que o fascismo comandado pelo ditador Benito Mussolini levou a Itália a um nível de desenvolvimento econômico nunca antes conhecido. Porém, quanto mais o país se desenvolvia economicamente, maior era a militarização da sociedade, a censura e a consequente aproximação com a Alemanha Nazista. Sob forte influência de Hitler, Mussolini leva a Itália para a II Guerra Mundial e em pouco tempo o país era ocupado por tropas estrangeiras, principalmente nazistas. Somente com a queda de Mussolini em 1943 é que a Itália oficialmente muda de lado na II Guerra e, com seu exército reorganizado, com a ajuda de muitos aliados estrangeiros e também com uma certa participação camponesa dos chamados “partigianos”, a Itália se vê livre do invasor nazista em 1945. Era preciso se reorganizar!

A princípio a monarquia foi mantida, sob o governo do último rei italiano, Umberto II. Porém, a população italiana precisava ser consultada. Era preciso saber se o povo queria que o país se reerguesse tendo ainda à frente a monarquia da Casa de Savoia ou adotasse a república. E foi através do referendum de 2 de junho de 1946 que o povo italiano deu a vitória à república com 54% dos votos. 

Forma-se a partir daí a Assembleia Constituinte, formada por membros de muitos partidos políticos e esta será responsável pela elaboração da Constituição da República Italiana que entrará em vigor em 1 de maio de 1948 e que terá como princípios fundamentais o direito à liberdade e ao trabalho e também estabelece os direitos e deveres da população. Não é por acaso que o artigo mais famoso da Constituição Italiana é o artigo número 1 que diz que “a Itália é uma república democrática fundada no trabalho”. Essas diretrizes permanecem modernas e é a base da maioria das constituições democráticas em todo o mundo.

Outro ponto importante que a constituição estabelece é a organização política da república. Por ela fica estabelecido que a república teria um sistema bicameral, ou seja, uma Câmara dos Deputados e um Senado, cujos representantes seriam eleitos pelo povo. Uma vez formado o parlamento, cabe a este eleger o presidente da república, que por sua vez nomeará o chefe de governo, também conhecido como Presidente do Conselho dos Ministros ou Primeiro-Ministro ou ainda, Premier. Já o chefe de governo será responsável pela nomeação dos ministros.

Vale lembrar que a república italiana é parlamentarista e não presidencialista como a brasileira. Isso quer dizer que as funções executivas são de responsabilidade do primeiro-ministro e não do presidente da república. À este último cabem as funções mais cerimoniais, como o recebimento de delegações diplomáticas, ser o chefe das forças armadas, mas em alguns casos o presidente também pode dissolver o Parlamento e até mesmo convocar referendos populares. 

O mandato de primeiro-ministro tem uma duração indeterminada e hoje é ocupada pelo Sr. Mario Draghi. Já o cargo de presidente da república dura 7 anos e hoje é ocupada pelo Sr. Sergio Matarella.

Como é característico de praticamente todas as democracias ocidentais, a Itália possui muitos partidos políticos, com as mais variadas orientações e as disputas são sempre muito acirradas. Do ponto de vista prático, essas disputas podem não ser muito interessantes porque às vezes impedem que decisões sejam tomadas mais rapidamente e leis sejam promulgadas com maior ligeireza, porém é inegável que a democracia se fortalece cada vez mais e as decisões são tomadas com maior parcimônia e responsabilidade. Entre os partidos políticos de maior destaque na Itália, podemos citar: La Lega, Fratelli d’Italia e Forza Italia, de orientação mais direitista e Partito Democratico, Articolo 1, de orientação esquerdista e o maior partido em termos de representatividade que é o Movimento Cinque Stelle, de centro.

Como vocês podem imaginar a data de 2 de junho é feriado nacional na Itália e as celebrações em homenagem à república acontecem desde 1950, porém a data só se tornou oficial no ano 2000. As celebrações consistem em desfiles militares, homenagem aos mortos e desaparecidos em guerra e na abertura dos jardins do Palazzo del Quirinale ao povo, onde ali se apresentam as bandas das forças armadas italianas. Vale destacar também a apresentação dos “Freccia Tricolore”, esquadrão aéreo de elite da aeronáutica italiana que sobrevoa a capital e libera fumaça nas cores verde, branco e vermelho sobre os locais de celebração

Creio que agora somos todos capazes de perceber a importância do 2 de junho para os italianos, não é mesmo? A república foi fundada, por escolha do povo italiano, após anos e anos de sangue e suor derramados e está viva até hoje. 

Bem, esperamos que esse podcast tenha sido útil e interessante. Convidamos a todos a estenderem e deixarem à mostra suas bandeiras tricolores no próximo 2 de junho e refletirem sobre a importância dessa data, não só para a Itália, mas também para todo o mundo democrático. Desejo a todos uma “buona festa della repubblica” e até a próxima!

Entre em contato conosco pelo WhatsApp (43) 9 9957-7031, ou acesse o site ibravissimilondrina.org

I BRAVISSIMI CAST – Ficha Técnica

》Produção Radiofônica- Teixeira Quintiliano

》Edição- Thiago Franzim

》Apresentação – Letícia Cazarin 

》Produção- Hylea Ferraz

》Convidado- Willi Ferrari

》Música-  Vá Pensiero, Opera Nabucco-  Giuseppe Verdi

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