Por Vitor Struck
Foto: Milton Dória
A 49ª edição do FILO certamente vai ficar na memória dos londrinenses. Muitos são os motivos e extrapolam o palco. O principal deles é triste. Na manhã do dia 13 de agosto, domingo ensolarado e dia dos pais, Londrina e o teatro paranaense perderam um de seus filhos. Talvez, somente agora, a equipe do festival poderá se dar ao direito de digerir o luto com calma. Paulo Braz, o Paulinho do Filo, se despediu justamente durante aqueles 15, 18 dias do calendário londrinense em que mais se orgulhava de sua trajetória, iniciada com o grupo Proteu, de Nitis Jacon, e interrompida prematuramente aos 48 anos por conta de uma pneumonia.
Segundo a direção do festival e edição deste ano reuniu cerca de 30 mil pessoas em mais de 70 apresentações de teatro, música e dança. Mais uma vez a organização teve que driblar a escassez de espaços adequados e o trabalho dos atores se espalhou em 12 locais de Londrina. Um deles o novíssimo teatro Ouro Verde com seus 750 lugares, porém 550 à disposição do festival, que não pode contar com os 200 do teatro Zaqueu de Melo.
A 49ª edição do Filo vai ficar marcada, também, pela benção de Fernanda Montenegro ao Ouro Verde. “Uma cidade que tem um teatro como esse é uma cidade digna, uma cidade que tem caráter.” Neste ponto peço licença para concordar com a dama do teatro brasileiro. Entre perdas e ganhos a essência é a mesma, a missão de fazer do teatro um espaço de reflexão, transformação social e valorização do ser humano. Dias para renovar as esperanças em um mundo mais justo.
Enquanto atravessamos este período, em que o olhar de cada um anda voltado apenas para si mesmo, é preciso valorizar estes raros momentos de resgate do que é viver em sociedade. Que dias melhores recebam a edição que marcará meio século de existência de um dos maiores orgulhos de Londrina.