O programa Marginália dessa semana trata sobre intolerância religiosa ao som de Afro Celt Sound System, Ali Farka Touré, La Renga, Los Delinquentes, Rakia Traori, Salif Keita e Touré Kunda.
A motivação para o tema abordado nesse programa foi a dispensa de um colega que exercia um cargo público comissionado pelo mesmo, fora do seu horário de trabalho, ser pai de santo em um terreiro de candomblé.
É evidente que a justificativa para a dispensa baseou-se em outros fatores para que não houvesse chance de nenhum tipo de processo por discriminação religiosa, mas nas conversas informais o jovem foi informado que houve uma pressão da ala evangélica e mesmo da ala católica do executivo municipal para sua dispensa por não ‘pegar bem’ ter um ‘macumbeiro’ na administração municipal.
Verdade ou boato, o que interessa é que a intolerância religiosa, principalmente com as religiões de matrizes africanas e indígenas ainda é muito comum em nosso meio, como o caso que aconteceu em 2015 quando uma adolescente de 11 anos foi alvejada com uma pedra na cabeça.
A menina, iniciada no Candomblé há quatro meses, seguia com parentes e irmãos de santo para um centro espiritualista, quando foi atingida na cabeça por uma pedra, atirada, segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos. Ainda segundo os relatos, momentos antes, eles xingaram os adeptos da religião de matriz africana. “Eles gritaram: “Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno”.
Num mundo com tanta diversidade de religiões, justificar violência e discriminação escondido atrás de uma divindade é ir contra os preceitos pregados nos livros sagrados de cada uma delas. E principalmente para os seguidores do cristianismo, que pregou, acima de tudo, que apenas aquele que não tivesse pecado poderia jogar a primeira pedra.