A Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebe em junho os primeiros royalties advindos da transferência da tecnologia “novo método para detecção rápida de formaldeído em leite” ao setor produtivo. Esse é o primeiro caso de recebimento de royalties da UEL e foi intermediado pela Agência de Inovação Tecnológica da Universidade (Aintec), conforme prevê a Lei de Inovação.
A tecnologia, desenvolvida pelo Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Lipoa) da Universidade começou a ser comercializada há menos de um ano graças à cooperação tecnológica entre a Instituição e a empresa Londrilab.
A transferência de tecnologia é uma das funções da Aintec, que possibilita aos pesquisadores da universidade inserirem no mercado produtos e serviços criados por eles dentro da UEL. “Este processo foi o primeiro inteiramente providenciado, realizado pela Aintec, o que demonstra a capacidade de conhecimento instalada na nossa Agência para dar pleno suporte às demandas semelhantes que virão”, declara a reitora da UEL, Berenice Jordão.
Como esse foi o primeiro caso da Agência, a equipe do Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT) preparou tudo para que futuros licenciamentos também fossem possíveis. “Estudamos toda e legislação e as resoluções internas da UEL da falam sobre o tema”, explica a coordenadora do ETT, Isabela Guedes.
A Resolução do Conselho de Administração da UEL nº 251/2003, por exemplo, prevê a destinação de 10% do faturamento bruto resultante de comercialização do objeto da propriedade intelectual. De acordo com o contrato firmado entre a UEL e a Londrilab, o pagamento dos royalties é feito a partir da primeira comercialização e efetuado em base semestral referente às vendas brutas do semestre anterior.
Segundo Clodoaldo Trainotti, sócio da empresa, as primeiras vendas começaram 90 dias após a oficialização da transferência. “Nesse tempo levantamos os utensílios, equipamentos, embalagens, rótulos e documentação necessários para colocar o produto no mercado”, explica. Desde então, se passaram dez meses de comercialização que resultaram na venda de 60.600 análises que representa aproximadamente R$ 87.700 em valor bruto.
O produto
A tecnologia é vendida com o nome de FormolFree pela Londrilab em frascos de 100 e 250 ml. Cada miligrama representa uma análise que sai em torno de R$ 1,45. Com apenas uma análise é possível detectar a presença de formol em tanques (cerca de 10 mil litros) inteiros de leite.
O principal diferencial do produto, segunda a coordenadora do Lipoa, Vanerli Beloti, é a velocidade com que ele analise as amostras de leite. “O teste oficial, utilizado atualmente, detecta formol a partir de uma hora e meia. O desenvolvido por nós leva no máximo cinco minutos”, explica a professora.
Atualmente, o FormolFree já é comercializado em industrias de lacticínios do estado de São Paulo e dos estados da região sul.
Conquista da UEL
“Ter uma empresa parceira de um laboratório na universidade é importante porque quando começamos as pesquisas para criar um produto novo, muitas vezes não dá certo e ele fica parado na instituição”, comemora Vanerli que também celebra o fato de ter conseguido oferecer à sociedade algo que ela tanto precisa: a garantia de produtos lácteos saudáveis, sem a presença de formol.
Para Trainotti, a função social dessa parceria também é motivo de celebração: “pra nós como, empresa londrinense, poder fazer parte dessa conquista da maior universidade da nossa cidade é um privilégio”, afirma.
“Trabalhamos duro para fazer com que instituição e sociedade andem juntas, em benefício mútuo e ver a Universidade possibilitando essa transferência de conhecimento é muito recompensador. Me sinto muito feliz”, também comemora a reitora.