“As bambas do Samba” leva ao palco as mulheres na história do samba. Já é hora de mostrar o protagonismo feminino na história do samba. É o que fez o espetáculo As bambas do samba, no palco do Bar Valentino.
Foi no terreiro delas que o samba nasceu. Foi nas rodas e parcerias, com decisiva participação delas, que o samba se criou.
O espetáculo, roteirizado, produzido e apresentado pela pesquisadora e produtora cultural londrinense Juliana Barbosa, contou e cantou as mulheres que fizeram história como compositoras, intérpretes e protagonistas da cultura do samba.
O formato lembrou os programas de rádio realizados em auditório, mas com uma linguagem contemporânea. Nele, a cantora Bethânia Paranzini interpretou sambas divididos em três blocos. No primeiro bloco, o destaque foram as compositoras Dona Ivone Lara, Elza Soares, Leci Brandão e Teresa Cristina.
O segundo bloco foi para sambas inspirados em mulheres, em composições de Noel Rosa, Wilson Batista e Nei Lopes. O terceiro bloco foi dedicado às grandes intérpretes, com sambas que se tornaram inesquecíveis nas vozes de Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Alcione e Beth Carvalho.
Entremeados aos sambas, Juliana contou ao público histórias que mostram o papel das mulheres, desde o nascimento no terreiro de Tia Ciata, passando pela saga de Clementina de Jesus e sua voz negra, pelas artimanhas e talento que levaram Dona Ivone Lara a ser reconhecida no masculino universo dos sambistas compositores, mostrando a garra e talento de Elza Soares, a militância sambista de Leci Brandão, o papel da madrinha Beth carvalho e tantas outras.
Juliana Barbosa tem mestrado, doutorado e pós-doutorado pesquisando o samba como cultura, a partir das ciências da linguagem e dos Estudos Culturais. Ela é autora do livro “Nelson Sargento e as redes criativas do samba”. Por oito anos, entre 2008 e 2016, apresentou o programa “Estação Samba”, na rádio UEL FM.
Bethânia Paranzini, além de intérprete tocou cavaquinho, acompanhada pelos instrumentistas londrinenses Samuca Muniz, no violão sete cordas; André Siqueira, na flauta e bandolim; Carlos Pereira, no pandeiro, Sal Vinícius, no surdo e no baixo Gabriel Zara. Os arranjos e direção musical são de André Siqueira, reconhecido instrumentista, estudioso e professor de música da UEL, também pesquisador da música popular brasileira.