Essa semana o programa Marginália apresenta uma análise do livro de Gilles Lipovetsky “A estetização do mundo” ao som de clássicos da cantora punk Patti Smith.
Na análise de Gilles o capitalismo artista tem como característica o fato de que cria valor econômico por meio do valor estético e experimental: ele se afirma como um sistema conceptor, produtor e distribuidor de prazeres, de sensações e de encantamento.
Em troca uma das funções tradicionais da arte é assumida pelo universo empresarial. O capitalismo se tornou artista por estar sistematicamente empenhando em operações que, apelando para os estilos, as imagens e o divertimento, mobilizam os afetos, os prazeres estéticos, lúdicos e sensíveis dos consumidores.
O capitalismo artista é a formação que liga o econômico à sensibilidade e ao imaginário; ele se baseia na interconexão do cálculo e do intuitivo, do racional e do emocional, do financeiro e do artístico.
Assim o capitalismo artista não só criou uma economia estética, mas pôs em movimento uma sociedade, uma cultura, um indivíduo estético de um gênero inédito. A estética se tornou um objeto de consumo de massa ao mesmo tempo que um modo de vida democrático. Isso para o bem e para o mal.
O bem está no universo cotidiano cada vez mais remodelado pela operatividade das artes, pela abertura de todos os prazeres do belo e das narrações emocionais; o mal, numa cultura degradada em show comercial sem consciência, numa vida fagocitada por um consumismo hipertrofiado.
A playlist é uma homenagem aos 70 anos da poetisa, cantora e musicista norte-americana, que trouxe ao movimento punk um lado feminista e intelectual que a tornou conhecida como a “poetisa” do Punk.