Feirão do MST completa oito edições no Canto do MARL

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No último sábado (10) aconteceu o VIII Feirão da resistência no Canto do MARL. O feirão é uma iniciativa conjunta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL) onde são comercializados produtos orgânicos produzidos por pelo menos 50 famílias do MST.

Por Andressa Rossi e Bruno Lourenço

Segundo uma das frentes do MST da região, Ceres contou sobre a dificuldade de comercialização dos produtos do movimento em Londrina e como deu inicio a essa parceria com o MARL, “a gente sempre teve uma dificuldade em conseguir chegar de fato a comercialização dos nossos produtos aqui. Essa era uma ideia bastante antiga já, que tivéssemos um ponto que pudesse vender os nossos produtos aqui na região. E em paralelo a isso aconteceu a ocupação do MARL, e quando estava com mais ou menos 9 ou 10 meses de ocupação, começamos a conversar sobre a possibilidade de juntar as duas coisas, atividades culturais do MARL com as atividades produtivas do MST. Então a partir disso, surgiu a proposta de realizar uma vez por mês uma feira que juntasse tudo isso”.

Foto: Bruno Lourenço

Danilo Lagoeiro é um dos coordenadores do MARL e comentou sobre a importância do feirão para a cidade e para os próprios artistas que participam do movimento, “primeiro, acho que é um espaço para falar de reforma agrária, para além das ideias que vem sendo ventiladas há muito tempo que criminalizam o MST. É importante a gente falar que quem alimenta a nossa barriga há muito tempo é a agricultura familiar e não o agronegócio. É importante falar que a cultura é privatizada, nos espaços de shoppings, nesse vínculo da grande indústria, então também essa cultura artesanal, essa cultura que se dá nos espaços públicos ela também precisa ser valorizada”.

Em média, passam de 250 a 350 pessoas pelo feirão entre pessoas que já frequentam e pessoas que visitam pela primeira vez. Jovana Cestille, uma das produtoras que faz parte do MST há 20 anos, falou qual era a expectativa para a feita daquele dia, “a feira já tem um público frequente, tanto pessoas de algum movimento social e sindical, como moradores e trabalhadores aqui no entorno. Mas a gente acredita ainda que tem um potencial muito grande. Porque ainda tem pessoas que não sabem da feira, ou que sabem mas ainda tem uma certa resistência em estar vindo por conta dos movimentos. Mas quem tem vindo, tem gostado muito e acaba divulgando. Essa divulgação boca a boca tem ajudado bastante”.

Foto: Andressa Rossi

Jovana contou que é necessário ter diferentes tipos de preparações para conseguir se manter o dia todo no Feirão. Ela citou, por exemplo, colher a cebolinha e salsinha bem cedo para não murchar e fazer os macinhos, já as conservas fazer com bastante antecedência, pois quanto mais tempo, melhor. E após isso, fazer os produtos para vender prontos, como tortas, sorvetes e linguiça. Para os alimentos prontos, ela procura sempre elaborar coisas diferentes, mas saudáveis como o sorvete de inhame que ela faz. “Tenho procurado trazer essas coisas diferentes nessa discussão de uma alimentação saudável. Porque inhame geralmente é uma coisa que as pessoas não gostam de comer, mas o sorvete fica muito gostoso. Faço com a calda da fruta que tem na época. Já trouxe com calda de acerola, amora, banana. Aquilo que eu tenho, eu tento preparar uma coisa que seja gostosa e as pessoas possam consumir esses alimentos que geralmente não tem hábito de consumir”, destacou a produtora.

Foto: Bruno Lourenço

Para o casal Ricardo Amorita Júnior e Patrícia Yoshida, que estava de passagem por Londrina, foi muito importante conhecerem o feirão. A ideia dos dois é trabalhar plantando produtos orgânicos. “A gente gostou muito porque queremos trabalhar com produtos orgânicos. É um ambiente que a gente está procurando muito. Acho justo porque a terra não é de ninguém. Então, eu acho inaceitável proibir a pessoa de plantar, proibir a pessoa de ter semente, de colher. Pra mim isso não faz sentido. Faz sentido num mundo capitalista, mas diante do universo não”, afirmou Ricardo.

Mas quem já é frequentador do feirão, como Pity Miranda, a junção dos coletivos (MST e MARL) foi uma iniciativa muito importante para valorização do Brasil e das mulheres produtoras. “Por isso que me envolvo com esses coletivos, com esses movimentos e venho em todas as feiras. Porque as feiras são muito boas. São feiras de orgânicos produzidos pelas famílias. Muitas mulheres empoderadas aqui, mulheres que levam a família em frente, a maioria aqui. E aí eu vejo isso assim, isso que é o Brasil”, finalizou ela.

 

 

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