Essa semana o programa Marginália trata sobre o conceito de reificação pela ótica de Lukács ao som de Gata Gattana, Los chicos de maiz, Mo$heb, Rayden, Residente, Riot Propaganda, Sativanderground e Valete.
Segundo os dicionários de conceitos filosóficos, reificação se refere a transformação em coisa; coisificação. De modo geral, refere-se à sobreposição das coisas em detrimento das pessoas, sendo caracterizada pelo poder que elas exercem sobre os sujeitos.
Esse processo inerente às sociedades capitalistas, é definido pela sobreposição ou supervalorização da produção, em detrimento das relações humanas e sociais, podendo ocasionar a perda da subjetividade caraterística do ser humano, atribuindo-o uma natureza inanimada e automática, como coisas ou mercadorias.
Configura-se como o processo pela qual, nas sociedades industriais, o valor vem apresentar-se à consciência dos homens como valor sobretudo econômico, valor de troca: tudo passa a contar, primariamente, como mercadoria.
O trabalho reificado não aparece por suas qualidades, trabalho concreto, mas como trabalho abstrato, trabalho para ser vendido. A sociedade que vive à custa desse mecanismo produz e reproduz, perpetua e apresenta relações sociais como relações entre coisas.
O homem fica apagado, é mantido à sombra. Todo o tempo, fica prejudicada a consciência de que a relação entre mercadorias (e a relação entre cargos) é, antes de tudo, uma relação que prevalece sobre a relação entre pessoas”
A “objetividade ilusória” analisada por Lukács assenta-se na estrutura mercantil, em que relações entre pessoas tomam o caráter de relações entre coisas. As questões centrais analisadas no estudo da reificação são aquelas que decorrem do “caráter fetichista da mercadoria como forma de objetividade” e do comportamento do sujeito inserido neste processo.
O homem é submetido tanto materialmente quanto psicologicamente a uma realidade abstrata e fragmentada, e vai deixando de perceber as mediações entre ele e a totalidade. A divisão social do trabalho atrelada à mecanização progressiva dos meios de produção transforma desde as formas mais elementares de produção até a indústria moderna em processos racionalmente operacionais, subdivididos e parciais. A racionalidade produtiva do capitalismo avançado promove a eliminação das propriedades qualitativas dos homens e destrói a mediação entre o trabalhador e o produto de seu próprio trabalho. Promove a perda da totalidade presente no objeto produzido, reduzindo o trabalho a um exercício mecânico repetitivo