A arte não é só talento, mas sobretudo coragem

CINEMA NACIONAL="TERRA EM TRANSE" Cenas de filmagem 17.10.1966

O programa Marginalia dessa semana fala sobre o manifesto “A estética da Fome” escrito pelo cineasta Glauber Rocha.

Glauber de Andrade Rocha foi um dos integrantes mais importantes do cinema novo, movimento iniciado no começo dos anos 1960. Com o princípio de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, deu uma identidade nova ao cinema brasileiro.

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Marginália - 13/06/2017
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Apresentado e publicado em 1965, o texto “Uma Estética da Fome”, é uma tese-manifesto que foi e continua sendo um texto importante sobre e para o cinema em geral e, em especial, o cinema dos países do Terceiro Mundo.

Surgida num momento até certo ponto novo da história brasileira – momento em que um sistema político-econômico-social começava a ser imposto e a fechar um período pleno de inquietações manifestas -, provocou polêmicas em diversos níveis. Polêmicas que, de um certo modo, continuam existindo.

A própria definição de Cinema Novo de Glauber Rocha, pensado como um “fenômeno dos povos colonizados”, extensivo a toda a América Latina, encontra-se impregnada desse anseio de busca que amplamente predominava nos meios cinematográficos latino-americanos.

O cineasta baiano anunciava: “onde houver um cineasta disposto a filmar a verdade e a enfrentar os padrões hipócritas e policialescos da censura, aí haverá um germe vivo do Cinema Novo”.

“Uma Estética da Fome” não era um estudo analítico e/ou crítico desse movimento, mas uma definição de seus principais compromissos, objetivos e propostas. Glauber Rocha não examinava detalhadamente os filmes que até então compunham o Cinema Novo, preferindo situá-los no panorama político-econômico-cultural da época. Este panorama, aliás, é o ponto de partida para as reflexões e propostas do autor.

Para o cineasta o problema internacional da AL é ainda um caso de mudança de colonizadores, sendo que uma libertação possível estará sempre em função de uma nova dependência. Este condicionamento econômico e político nos levou ao raquitismo filosófico e à impotência, que, às vezes inconsciente, às vezes não, geram no primeiro caso a esterilidade e no segundo a histeria.

Na playlist Tom & Dito, Bendego, Raul Seixas, Novos Baianos, Sá & Guarabira, Mar Revolto, Tom zé e Baiana System.

Atenção, luz, câmera, ação e muito som

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